ADRIANA IRION
Zero Hora teve acesso ao depoimento da assistente social Edelvânia Wirganovicz, em 14 de abril, à Polícia Civil, em que confessou participação no assassinato e ocultação do corpo de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos. O relato deu embasamento à polícia para prender Edelvânia, a madrasta do menino, Graciele Ugulini, e o pai de Bernardo, o médico cirurgião Leandro Boldrini. Pelo relato de Edelvânia, Graciele planejava há muito tempo a morte do enteado, considerado um “incômodo” na vida do casal.
Ao confessar o assassinato, ela apontou para a Polícia Civil uma das substâncias que a madrasta teria dado ao menino no dia do crime. Conforme o depoimento, um dos remédios seria o Midazolan, um sedativo e indutor anestésico muito usado em pequenos procedimentos, como endoscopias. Consultada por ZH, a médica clínica geral Lisangela Preissler explica que se usado em doses excessivas o Midazolan pode levar à insuficiência respiratória. A necropsia feita em Frederico Westphalen foi “inconclusiva” para a causa da morte. A polícia aguarda novos exames periciais.
Segundo a médica Lisangela, a apresentação oral da substância, conhecida pelo nome comercial de Dormonid, só pode ser comprada em farmácias mediante receituário azul, já que é de uso controlado. Já a apresentação injetável estaria disponível apenas em hospitais e clínicas para a realização de procedimentos como a endoscopia. A polícia investiga se a medicação foi retirada da Clínica Cirúrgica Boldrini, de propriedade do pai de Bernardo, Leandro Boldrini, em Três Passos. Edelvânia, no entanto, falou aos policiais que Graciele pegaria o remédio no hospital de Três Passos, “eis que disse que tinha acesso à medicação”.
Zero Hora teve acesso ao depoimento da assistente social Edelvânia Wirganovicz, em 14 de abril, à Polícia Civil, em que confessou participação no assassinato e ocultação do corpo de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos. O relato deu embasamento à polícia para prender Edelvânia, a madrasta do menino, Graciele Ugulini, e o pai de Bernardo, o médico cirurgião Leandro Boldrini. Pelo relato de Edelvânia, Graciele planejava há muito tempo a morte do enteado, considerado um “incômodo” na vida do casal.
Ao confessar o assassinato, ela apontou para a Polícia Civil uma das substâncias que a madrasta teria dado ao menino no dia do crime. Conforme o depoimento, um dos remédios seria o Midazolan, um sedativo e indutor anestésico muito usado em pequenos procedimentos, como endoscopias. Consultada por ZH, a médica clínica geral Lisangela Preissler explica que se usado em doses excessivas o Midazolan pode levar à insuficiência respiratória. A necropsia feita em Frederico Westphalen foi “inconclusiva” para a causa da morte. A polícia aguarda novos exames periciais.
Segundo a médica Lisangela, a apresentação oral da substância, conhecida pelo nome comercial de Dormonid, só pode ser comprada em farmácias mediante receituário azul, já que é de uso controlado. Já a apresentação injetável estaria disponível apenas em hospitais e clínicas para a realização de procedimentos como a endoscopia. A polícia investiga se a medicação foi retirada da Clínica Cirúrgica Boldrini, de propriedade do pai de Bernardo, Leandro Boldrini, em Três Passos. Edelvânia, no entanto, falou aos policiais que Graciele pegaria o remédio no hospital de Três Passos, “eis que disse que tinha acesso à medicação”.
Veja mais detalhes do depoimento da amiga da madrasta à Polícia Civil.
Primeira sondagem para o crime
Kelly (como Graciele é conhecida por amigos) teria convidado Edelvânia para ser madrinha de sua filha e teria desabafado sobre a relação com Bernardo. Teria dito que o menino era “ruim, que era difícil de lidar e que brigava até com o pai”. Que após essa conversa, Kelly perguntou o que achava, sendo que ela tinha bastante dinheiro e que se a depoente a ajudasse a dar um sumiço no guri ela lhe daria dinheiro e ajudaria a pagar o apartamento”, informa um trecho do depoimento.
Conversa com mulher de delegado
A resposta não foi dada naquele dia. Segundo Edelvânia, Kelly “deu um tempo” e elas teriam se falado algumas vezes por telefone. Kelly teria voltado à cidade em 2 de abril, dois dias antes do crime. Edelvânia disse que, na ocasião, se assustou com a presença da amiga, uma vez que estava recebendo em casa outra conhecida, a mulher de um delegado. Edelvânia disse à polícia que estava “começando a se abrir com a mulher sobre a proposta de Kelly, que se tivesse contado tudo, ela não deixaria a depoente fazer o que fez”.
Um local para enterrar o corpo
Naquele dia, Kelly teria revelado o plano: dopar o menino e depois aplicar uma injeção letal. Teria pedido um local para “consumir” o corpo. As duas teriam ido ao local, no interior de Frederico Westphalen, e começado a cavar com uma enxada de Edelvânia. Teriam decidido comprar outras ferramentas, além de um produto para “diluir rápido o corpo e que não desse cheiro”. As ferramentas, uma pá e uma cavadeira, foram apreendidas na casa da mãe de Edelvânia.
Data marcada para a morte
No dia 2, Kelly teria dito que voltaria com o menino “na quinta ou sexta-feira e que de segunda-feira não passaria”. Edelvânia sustentou que, no dia seguinte, quinta-feira, voltou ao local para terminar de cavar a cova. Na sexta-feira, Kelly teria passado uma mensagem informando que estava indo para Frederico Westphalen e teria usado um “código” combinado por elas para confirmar que Bernardo estava junto. Teria sido por volta do meio-dia de 4 de abril.
Despiste para enganar Bernardo
Segundo Edelvânia, Bernardo rumou para a morte depois de sair da escola em 4 de abril acreditando que ganharia uma TV e que faria uma consulta com uma “benzedeira”. Ainda em Três Passos, Graciele teria dado um remédio ao menino para que dormisse – teria dito que o comprimido era para evitar que vomitasse. Mas o remédio não fez efeito e ele chegou a Frederico Westphalen acordado. Desceu do carro da madrasta e entrou no Siena de Edelvânia. “A depoente já estava esperando lá embaixo do prédio onde mora, tendo Kelly estacionado a camioneta do lado do Siena e o menino desceu e entrou no Siena. Que as coisas já estavam no porta-malas, a cavadeira, a pá, a soda e as ‘coisarada’ do kit do remédio que Kelly já tinha deixado com a depoente na quarta-feira e que iria usar para matar o guri.”
"Piquezinho" na veia
No veículo da assistente social, ele teria recebido outra dose da medicação. No trajeto até o local onde seria enterrado, Bernardo teria ouvido da madrasta mais uma vez a explicação de que estava indo a uma consulta com uma benzedeira e que precisava, para isso, levar um “piquezinho na veia”. Edelvânia disse à polícia que “mandaram ele deitar sobre uma toalha de banho cor azul. Que Kelly aplicou na veia do braço esquerdo com uma seringa e ele foi apagando.” Edelvânia contou que “não teve sangue, apenas da picadinha”. As roupas do menino, a seringa e outros materiais foram colocados no lixo.
Menino ainda poderia estar vivo
Após tirar a roupa e os tênis, enterraram o menino, sem conferir se ainda estava vivo. “Que a depoente e Kelly colocaram o menino no buraco sendo que Kelly jogou a soda sobre o corpo e a depoente colocou pedras. Que a depoente acha que ele já estava morto. Que a depoente não viu se Kelly olhou se o menino tinha pulsação.”
Pagamento pelo crime
Edelvânia disse que recebeu, no dia 2, R$ 6 mil, que usou para pagar uma parcela do apartamento comprado por R$ 96 mil. O acerto total seria de um pagamento de R$ 20 mil, mas, segundo a assistente social, depois Kelly teria se disposto a pagar o total que faltava para quitar o apartamento. “Que Kelly lhe ofereceu muito dinheiro e a depoente foi fraca, mas era muito dinheiro e não teria sangue nem faca, era só abrir um buraco e ajudar a colocar dentro o menino (...)”. Ao encerrar o depoimento, Edelvânia afirmou que “somente ela e Kelly sabem sobre o fato. Que antes de hoje (dia 14, quando confessou) já teve vontade de contar para outra pessoa o que tinha feito, mas não contou por vergonha de sua mãe e pensou na sua pequena (referindo-se a sua sobrinha).”
CONTRAPONTO - Procurado para falar sobre os detalhes do crime e sobre o que seu cliente contou em depoimento à polícia na semana passada, o advogado Jader Marques, que defende Leandro Boldrini, se negou a comentar a confissão de Edelvânia, mas disse estar surpreso com o fato de a informação de que seu cliente não sabia do crime nunca ter sido divulgada pela polícia. Edelvânia e Graciele não têm advogado atuando no caso.
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