sábado, 29 de setembro de 2012

MORTE DE PAPELEIRO: INTERNAÇÃO PROVISÓRIA PARA OS CRIMINOSOS

ZERO HORA 29 de setembro de 2012 | N° 17207

MORTE DE PAPELEIRO

Justiça manda internar adolescentes

 CLÉVER MOREIRA

Os quatro adolescentes envolvidos na morte do papeleiro Carlos Miguel dos Santos, 45 anos, irão para o Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Caxias do Sul. A internação provisória dos adolescentes – dois deles de 14 anos, um de 13 e um de 15 – foi decretada na tarde de ontem pelo juiz da Infância e Adolescência Leoberto Brancher.

Conforme o magistrado, o caso será julgado em 45 dias. Se forem responsabilizados, eles deverão continuar no Case, cumprindo medida socioeducativa. O mandado de internação será cumprido pela Polícia Civil.

A internação havia sido sugerida pela Polícia Civil, que na quarta-feira enviou o inquérito ao Ministério Público (MP). Ontem, após ouvir os adolescentes, o MP pediu à Justiça a internação do grupo. Eles admitiram a participação no crime, motivado por uma dívida de R$ 2.

Conforme o promotor Mauro Porchetto, os quatro cometeram homicídio triplamente qualificado, já que agiram por motivo torpe (vingança), por meio cruel (fogo) e com recurso que dificultou a defesa da vítima, que estava dormindo:

– A agilidade no ajuizamento da representação por homicídio, dois dias após recebimento do indiciamento, é uma resposta à indignação da sociedade com a brutalidade desse crime.


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

PAPELEIRO QUEIMADO

ZERO HORA 28 de setembro de 2012 | N° 17206

Justiça deve avaliar hoje internação de garotos

A internação provisória no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) dos quatro adolescentes envolvidos na morte do papeleiro Carlos Miguel dos Santos, 45 anos, pode ser decidida hoje, em Caxias do Sul. Os irmãos, de 13 e 15 anos, e os dois amigos, ambos de 14 anos, serão ouvidos em uma audiência no Ministério Público (MP) hoje. Dois dos adolescentes confessaram que atearam fogo ao morador de rua.

O encontro foi agendado após o órgão estadual receber o Procedimento de Adolescente Infrator (PAI), encaminhado pelo delegado substituto da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Endrigo Marques. No documento, o delegado sugere a internação provisória dos adolescentes no Case.

A promotora Adriana Karina Diesel Chesani, da 4ª promotoria especializada de Caxias do Sul, acolheu o procedimento e agendou a audiência. Após serem ouvidos, o ato formal da audiência é encaminhado para o promotor Mauro Rocha de Porchetto, da 3ª promotoria especializada. É ele quem representará junto ao juiz da Vara da Infância e da Juventude, Leoberto Brancher, o parecer do MP sobre o caso.

– Diante das circunstâncias apresentadas até agora, pelo procedimento da DPCA, a internação é imprescindível. Entretanto, temos que ouvir os adolescentes para saber se surge algum elemento novo – diz Adriana.

Diante da agilidade dos trâmites, o juiz poderá deferir a internação provisória do quarteto ainda hoje.

RÓGER RUFFATO

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

LIBERDADE MAL CONCEDIDA

ZERO HORA 27 de setembro de 2012 | N° 17205


PAULO SANT’ANA



O problema é o seguinte: sexta-feira passada, em Caxias do Sul, quatro adolescentes entre 13 e 15 anos adquiriram R$ 2 de gasolina em um posto de combustíveis e foram até uma barraca de papel onde estava dormindo um papeleiro adulto.

Embeberam o corpo do papeleiro de gasolina e atearam fogo com um palito de fósforo.

A vítima morreu das queimaduras. Isto é, teve morte cruciante.

O motivo alegado pelos assassinos para matar o papeleiro foi o de que ele devia R$ 2 a eles e se recusou a pagá-los.

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Foram identificados os quatro adolescentes e prestaram depoimento. Inicialmente, tergiversaram. Mas, em seguida, confessaram em detalhes o ato infracional, melhor dito, o crime monstruoso. Disseram: “Jogamos gasolina em todo o corpo dele, até na cara, depois ateamos fogo”.

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Um crime revoltante. Desculpem as autoridades, mas tão revoltante ainda é o fato de que os quatro adolescentes, após narrarem em minúcias o horrendo ato, foram mandados para casa e vão responder em liberdade ao processo.

É contra isso que esta coluna quer se voltar.

Afinal, o crime (ato infracional por serem menores seus autores) foi bárbaro, circunstância que aliada à grande repercussão do acontecido na opinião pública obriga que a Justiça e o Ministério Público recolham imediatamente a um reformatório os menores acusados e confessos.

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Não podem a Justiça e o Ministério Público, com esta sua reação de passividade permissiva, contribuir para a banalização da violência, um dos maiores males psicológicos que assolam nossa sociedade.

É necessário que a Justiça volte atrás em sua decisão e encarcere os menores infratores. É urgente que se faça isso. Para reparar o mal que a impressão de colocar em liberdade os autores do crime causou na sociedade caxiense e gaúcha.

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Por atos infracionais muito menos graves do que esse, até mesmo singelos, são recolhidos a um reformatório seus autores.

Como é, então, que, após esse atentado brutal a um ser humano indefeso, a Justiça soltou esses garotos assassinos?

Conceder liberdade a eles é associar-se a uma mentalidade obtusa que viceja no meio social: a de que um papeleiro ou um morador de rua não tem, por essa sua condição marginal, direitos de cidadania.

Eu acredito sinceramente que esses meninos assassinos serão recolhidos a um estabelecimento penal educativo nas próximas horas.

O contrário é a falência do Direito entre nós.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

ADOLESCENTES ADMITIRAM TER ATEADO FOGO A MORADOR DE RUA

 
26 de setembro de 2012 | N° 17204

BARBÁRIE NA SERRA. Dívida de R$ 2 levou à morte de papeleiro. Adolescentes admitiram ter ateado fogo a morador de rua na sexta-feira

RÓGER RUFFATO | Caxias do Sul

Problemas comportamentais de quatro adolescentes, com origem na desestruturação familiar, são o pano de fundo da morte de Carlos Miguel dos Santos, 45 anos. Dois irmãos, de 13 anos e 15 anos, acompanhados de dois amigos, ambos de 14 anos, confessaram à Polícia Civil de Caxias do Sul terem ateado fogo ao papeleiro na sexta-feira, motivados por uma dívida de R$ 2.

Os jovens têm o cotidiano desregrado e costumam perambular pelas ruas. Os pais não identificaram nos filhos mudanças de atitudes causadas por uma série de dramas familiares. Separações dos pais e convívio próximo da violência teriam colaborado para os garotos formarem um comportamento de desleixo com os estudos, conforme a diretora e orientadora pedagógica da escola onde estudam os dois irmãos.

Ela afirma que o pai dos adolescentes, um funileiro de 36 anos, teria retirado o mais velho do colégio com o objetivo de matriculá-lo em um supletivo, à noite, para que o garoto pudesse trabalhar durante o dia.

– Eu canso de falar para eles estudarem, mas não adianta. Já tive de chamar a atenção por andarem aprontando na rua, jogando pedras em pessoas – desabafa o pai dos menores.

Os quatro foram identificados na noite de segunda-feira, após policiais civis conversarem com moradores da região dos bairros Pio X e Marechal Floriano. Conforme o delegado Joigler Paduano, os agentes receberam informações de que a gasolina tinha sido comprada pelos adolescentes em um posto de combustíveis próximo ao campo de treinamentos do Caxias, por volta das 21h de sexta. O grupo teria comprado o combustível decidido a incendiar o barraco de Santos, como vingança por uma dívida de R$ 2.

– Eles furtaram uma faca pequena do papeleiro, que prometeu pagar R$ 2, caso devolvessem, mas não cumpriu o combinado – relata Paduano.

Os adolescentes foram ouvidos pela polícia entre a noite de segunda-feira e a manhã de ontem. De acordo com o delegado, os quatro estavam reticentes, mas acabaram contando com detalhes como tudo aconteceu.

– Jogamos gasolina em todo o corpo, até na cara – disse o adolescente de 15 anos, ao sair da delegacia.

Após serem ouvidos, os quatro foram liberados e devem aguardar em liberdade o término das investigações, que hoje serão assumidas pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). A pena máxima neste caso é de três anos de internação no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case). Em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os nomes dos adolescentes e do pai de dois deles estão sendo preservados.


Espera por perícia no local durou quase 90 horas

O atentado contra o papeleiro ocorreu às 21h40min de sexta-feira. Mas foi preciso quase 90 horas de espera para peritos do Instituto-geral de Perícias (IGP) examinarem o que restou da barraca. Às 14h30min de ontem, os servidores colheram informações que poderão ajudar na investigação.

Na tarde de ontem, ainda havia restos de papel queimado e plástico no chão. O carrinho usado por Santos para trabalhar não estava mais lá. Na segunda-feira, quando a autoria e a origem das chamas não eram conhecidas, o delegado Joigler Paduano lamentou o fato de o terreno não ter sido isolado ainda na noite de sexta-feira. De acordo com o diretor do Departamento de Perícias do Interior, Rogério Gomes Saldanha, o número reduzido de funcionários no Interior, especializados em apurar incêndios, impossibilitou que a perícia fosse feita pela equipe local do IGP.


sábado, 22 de setembro de 2012

ADOLESCENTE ENVOLVIDO EM ASSALTO É BALEADO AO ATIRAR CONTRA POLICIAIS

22 de setembro de 2012 | N° 17200

CASCA - Adolescente envolvido em assalto é baleado

MARIELISE FERREIRA | Erechim/Correspondente

Um adolescente de 15 anos envolvido em um assalto a uma propriedade rural de Casca, no norte do Estado, foi baleado ao atirar contra policiais na noite de quinta-feira. A família foi feita refém pelos três assaltantes.

Três homens invadiram a casa numa propriedade rural às margens da rodovia Casca-Serafina Correa (ERS-129) e renderam os cinco moradores, anunciando o assalto. Antes que conseguissem fugir, um vizinho percebeu a movimentação e chamou policiais rodoviários.

Com reforço da Brigada Militar, os policiais cercaram a casa e tentaram negociar a rendição dos bandidos e libertação dos reféns. Depois de duas horas de negociação, um adolescente de 15 anos saiu da casa pela porta da frente e atirou contra os policiais. Os militares revidaram e feriram o adolescente no quadril.

Enquanto o adolescente chamava a atenção dos policiais na frente da casa, os outros dois homens fugiram pelos fundos.

A família estava trancada em um quarto e foi libertada pelos policiais após a ação. Ninguém foi ferido.

O adolescente foi socorrido e levado para o hospital da cidade, onde permaneceu sob custódia da Brigada Militar. Com ele os policiais encontraram um revólver calibre .38 com quatro cartuchos deflagrados. Antes da fuga os assaltantes esqueceram na casa uma pistola calibre .380, com numeração raspada.

A Polícia Civil de Casca investiga o caso e já tem suspeitos.