quinta-feira, 24 de abril de 2014

PRISÃO DO PAI FOI JUSTIFICADA POR CLAMOR PÚBLICO






ZERO HORA 24 de abril de 2014 | N° 17773


HUMBERTO TREZZI

CASO BERNARDO

Ao determinar a prisão do médico Leandro Boldrini, autoridades apontaram risco à preservação de eventuais provas, necessidade de garantia da investigação e a repercussão provocada pela morte do menino


A Polícia Civil diz ter indícios que comprovariam o suposto envolvimento do médico Leandro Boldrini na morte do filho, Bernardo, 11 anos. Mas o pai não está preso em decorrência de provas, que – se existem – até agora não foram tornadas públicas. A decisão foi tomada para que não atrapalhasse a coleta de indícios e pelo clamor público do caso.

– As prisões temporárias de Leandro Boldrini, de Graciele Ugulini (madrasta do Bernardo) e da amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, foram decretadas para garantia das investigações criminais e indícios de existência de um crime hediondo. Até pela gravidade, são de 30 dias e não cinco dias, como é usual – pondera o juiz Fernando Vieira dos Santos.

Santos responde pela Vara da Infância e Juventude de Três Passos e também decretou segredo de Justiça no caso, pelo fato de a vítima ser criança. O magistrado se baseou no princípio jurídico de periculum in mora (perigo na demora) para justificar a prisão. Ele diz que decidiu mandar prender o pai quando policiais enviaram o depoimento de Edelvânia, que confirmou ter participado da ocultação do corpo, segundo ela, a pedido da madrasta.

Diante da revelação e da informação de Edelvânia de que “não sabia se o menino já estava morto quando foi enterrado”, o juiz Santos considerou o fato gravíssimo e decretou as prisões. Temia que algum dos três sumisse com provas ou ameaçasse testemunhas, já que não há clareza de quem do trio participou do caso.

Os três não foram presos em decorrência de indícios, mas para que não os ocultassem. No entender das autoridades, havia o risco de os suspeitos sumirem com o corpo, com extratos bancários que comprovem pagamento pelo crime ou até com vídeos que comprovassem a movimentação.

Os três suspeitos tiveram a prisão decretada na noite de 14 de abril. A primeira a ser presa foi Edelvânia, que guiou policiais até o corpo do menino. Depois, foi preso o casal.

O então sumiço de Bernardo passou da Vara da Infância e Juventude para a Vara Criminal, responsável por casos que vão a júri popular. O novo juiz do caso é Marcos Luís Agostini, que manteve as prisões.


Advogado contesta versão de delegada


O relato feito pela delegada Caroline Bamberg, sobre a aparente frieza do pai de Bernardo ao ser preso em 14 de abril, ganhou um contraponto. Conforme a defesa do médico, ele teria desabado emocionalmente ao saber da morte do filho enquanto era detido. Ontem pela manhã, Jader Marques pediu que os três policiais envolvidos na prisão sejam ouvidos.

– No momento da prisão, ele falou que perguntou se a Keli (madrasta de Bernardo) sabia o que tinha acontecido, se algo tinha acontecido com o menino – afirma Jader.

Ao saber pelos policiais que o filho estava morto, Boldrini teria “desabado”, tido uma crise de choro e avançado contra Keli, diz o defensor.

A delegada disse que participou pessoalmente da prisão do casal.

– Na hora em que ele (Boldrini) recebeu a voz de prisão, ele não desabou. Eu contei o fato da morte do menino, e ele foi extremamente frio nesta hora – reafirmou Caroline.

*Colaboraram Adriana Irion e Letícia Costa


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