CARLOS WAGNER, HUMBERTO TREZZI E MAURÍCIO TONETTO
CASO BERNARDO. Desvendar o papel do pai no caso é DESAFIO DA POLÍCIA
A Polícia Civil já tem provas do suposto envolvimento da madrasta e de uma amiga no assassinato de Bernardo Boldrini, 11 anos. Agora, tenta descobrir se o médico tem envolvimento na morte.
Policiais civis correm contra o tempo para esclarecer todos os detalhes da morte de Bernardo Boldrini, 11 anos, de Três Passos. Começam a investigar as contas bancárias dos três presos por suspeita de envolvimento no crime. Desde a descoberta do corpo, há uma semana (ensacado e enterrado numa cova em Frederico Westphalen), a Polícia Civil se concentra em tentar comprovar que a assistente social Edelvânia Wirganovicz e a madrasta do menino, Graciele Ugulini, mataram a criança movidas por dinheiro. E que, de alguma forma, o pai de Bernardo, o médico Leandro Boldrini, estaria envolvido.
A principal prova é o estarrecedor depoimento de Edelvânia (leia na página 5), que admite ter ajudado no crime movida pela promessa de auxílio para pagar R$ 96 mil de dívida com um apartamento. O dinheiro seria repassado por Graciele, que, segundo a assistente social, nutriria um sentimento de ódio pelo enteado e teria receio de ser preterida na divisão de bens do marido, caso Bernardo herdasse a clínica e os imóveis do pai.
Os policiais desconfiam que Boldrini sabia do plano, apesar de Edelvânia declarar que o médico desconhecia a intenção da mulher. A amiga teria ouvido de Graciele:
– O Leandro não sabe, mas, no futuro, vai dar graças por se livrar do incômodo.
ZH falou com agentes envolvidos na investigação. Eles estão divididos quanto ao possível envolvimento de Boldrini. Alguns estão convictos de que ele ajudou a planejar o crime. Outros acham que não, que era apenas desleixado e não demonstrava afeto – o que teria facilitado os planos da madrasta em liquidar o enteado. De qualquer forma, todos estão convencidos de que ele teria ajudado a ocultar o assassinato.
Mesmo os que apostam no envolvimento de Boldrini têm dificuldade de comprovar isso. Boldrini tem um álibi consistente: no dia da morte de Bernardo, testemunhas viram o médico transitar o dia inteiro entre a clínica de endoscopia que possui e o hospital onde atua como cirurgião.
Os policiais solicitaram a quebra de sigilo das contas bancárias do casal, para tentar identificar uma movimentação anormal de dinheiro. Os investigadores, porém, já sabem que terão uma dificuldade: dos valores que teriam sido prometidos por Graciele à assistente social, apenas uma pequena parte teria sido entregue a ela.
Madrinha fala em “frieza”
Um relato da madrinha de Bernardo a ZH reforçaria a suspeita da polícia contra o médico. Clarissa Oliveira não consegue tirar da cabeça a conversa que teve com Boldrini em 14 de abril, às 16h, dia em que o corpo foi encontrado. Impressionada com o que definiu como “frieza” do pai do menino, ela começou a acreditar que o médico tem envolvimento com o caso quando ouviu: “Tá, se acharem ele morto, daí a gente vê o que faz”. Horas depois, Boldrini era preso.
A exemplo de uma entrevista do pai à Rádio Farroupilha, Clarissa observou que o médico falava do menino no passado enquanto ele estava desaparecido.
– Ele falava no passado e eu ficava cada vez mais apavorada. A minha dúvida, hoje, é a seguinte: ele participou do plano ou ficou sabendo durante a semana?
Marido de Clarissa, Ary Ribeiro relata uma conversa telefônica. Enquanto ele e a mulher ficavam o dia inteiro nas redes sociais mobilizando as pessoas a divulgarem a foto de Bernardo e buscarem informações, o pai do menino estaria dormindo em casa:
– Liguei duas vezes na segunda-feira (dia 7) e ele estava dormindo. Não consegui me controlar. Eu disse: “Todo mundo está na rua atrás dele e tu estás dormindo em casa!”.
Coroinha da Igreja da Matriz de Três Passos, Bernardo foi homenageado na noite de ontem com uma missa no local que frequentou. Em tom forte, o padre Rudinei da Rosa disse que “monstros existem, mas no final sempre são vencidos”.
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Policiais civis correm contra o tempo para esclarecer todos os detalhes da morte de Bernardo Boldrini, 11 anos, de Três Passos. Começam a investigar as contas bancárias dos três presos por suspeita de envolvimento no crime. Desde a descoberta do corpo, há uma semana (ensacado e enterrado numa cova em Frederico Westphalen), a Polícia Civil se concentra em tentar comprovar que a assistente social Edelvânia Wirganovicz e a madrasta do menino, Graciele Ugulini, mataram a criança movidas por dinheiro. E que, de alguma forma, o pai de Bernardo, o médico Leandro Boldrini, estaria envolvido.
A principal prova é o estarrecedor depoimento de Edelvânia (leia na página 5), que admite ter ajudado no crime movida pela promessa de auxílio para pagar R$ 96 mil de dívida com um apartamento. O dinheiro seria repassado por Graciele, que, segundo a assistente social, nutriria um sentimento de ódio pelo enteado e teria receio de ser preterida na divisão de bens do marido, caso Bernardo herdasse a clínica e os imóveis do pai.
Os policiais desconfiam que Boldrini sabia do plano, apesar de Edelvânia declarar que o médico desconhecia a intenção da mulher. A amiga teria ouvido de Graciele:
– O Leandro não sabe, mas, no futuro, vai dar graças por se livrar do incômodo.
ZH falou com agentes envolvidos na investigação. Eles estão divididos quanto ao possível envolvimento de Boldrini. Alguns estão convictos de que ele ajudou a planejar o crime. Outros acham que não, que era apenas desleixado e não demonstrava afeto – o que teria facilitado os planos da madrasta em liquidar o enteado. De qualquer forma, todos estão convencidos de que ele teria ajudado a ocultar o assassinato.
Mesmo os que apostam no envolvimento de Boldrini têm dificuldade de comprovar isso. Boldrini tem um álibi consistente: no dia da morte de Bernardo, testemunhas viram o médico transitar o dia inteiro entre a clínica de endoscopia que possui e o hospital onde atua como cirurgião.
Os policiais solicitaram a quebra de sigilo das contas bancárias do casal, para tentar identificar uma movimentação anormal de dinheiro. Os investigadores, porém, já sabem que terão uma dificuldade: dos valores que teriam sido prometidos por Graciele à assistente social, apenas uma pequena parte teria sido entregue a ela.
Madrinha fala em “frieza”
Um relato da madrinha de Bernardo a ZH reforçaria a suspeita da polícia contra o médico. Clarissa Oliveira não consegue tirar da cabeça a conversa que teve com Boldrini em 14 de abril, às 16h, dia em que o corpo foi encontrado. Impressionada com o que definiu como “frieza” do pai do menino, ela começou a acreditar que o médico tem envolvimento com o caso quando ouviu: “Tá, se acharem ele morto, daí a gente vê o que faz”. Horas depois, Boldrini era preso.
A exemplo de uma entrevista do pai à Rádio Farroupilha, Clarissa observou que o médico falava do menino no passado enquanto ele estava desaparecido.
– Ele falava no passado e eu ficava cada vez mais apavorada. A minha dúvida, hoje, é a seguinte: ele participou do plano ou ficou sabendo durante a semana?
Marido de Clarissa, Ary Ribeiro relata uma conversa telefônica. Enquanto ele e a mulher ficavam o dia inteiro nas redes sociais mobilizando as pessoas a divulgarem a foto de Bernardo e buscarem informações, o pai do menino estaria dormindo em casa:
– Liguei duas vezes na segunda-feira (dia 7) e ele estava dormindo. Não consegui me controlar. Eu disse: “Todo mundo está na rua atrás dele e tu estás dormindo em casa!”.
Coroinha da Igreja da Matriz de Três Passos, Bernardo foi homenageado na noite de ontem com uma missa no local que frequentou. Em tom forte, o padre Rudinei da Rosa disse que “monstros existem, mas no final sempre são vencidos”.
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