domingo, 20 de abril de 2014

BERNARDO PODE TER SIDO ENTERRADO VIVO



CORREIO DO POVO 20/04/2014 08:13


Agostinho Piovesan / Correio do Povo


Polícia investiga se Bernardo pode ter sido enterrado vivo. Madrasta do menino não teria conferido pulsação, relatou amiga


A assistente social Edelvânia Wirganovicz disse à polícia de Três Passos, em seu depoimento no dia 14 de abril, que foi colocada soda sobre o corpo do menino Bernardo Boldrini, encontrado morto e enterrado no interior de Frederico Westphalen na segunda-feira passada. De acordo com ela, o menino pode ter sido enterrado ainda vivo. “Kelly (Graciele Ugulini, madrasta de Bernardo) não olhou se o menino tinha pulsação”

Edelvânia contou à polícia que juntamente com a madrasta praticou o crime e que pediram para o menino deitar sobre uma toalha de banho. “Kelly aplicou na veia do braço esquerdo com uma seringa e ele foi apagando”. Disse, ainda, no depoimento, que depois tiraram a roupa do menino, o colocaram no buraco, sendo que Kelly jogou soda sobre o corpo. No trajeto de Três Passos até Frederico Westphalen, Bernardo ouviu da madrasta a explicação que estavam indo para uma consulta com uma benzedeira e que “ele receberia um piquezinho na veia”.

O fato teria ocorrido em 4 de abril. À tarde, às 16h o crime estava praticado e as duas amigas retornaram para a cidade de Frederico Westphalen, se lavaram no apartamento de Edelvânia. Kelly ainda comprou um televisor numa loja local e retornou a Três Passos, conforme o depoimento. Já Edelvânia ainda levou a sobrinha tomar um picolé e posteriormente foi para sua residência dormir.

Amizade vinha de anos

A amizade de Edelvânia e Graciele vem de vários anos e já teriam morado juntas em Frederico Westphalen, pelo período de dois anos. Os contatos mais próximos foram retomados há dois meses, quando Graciele começou a detalhar o relacionamento que ela tinha com Bernardo que se a ajudasse “a dar sumiço do menor lhe daria dinheiro e a ajudaria a quitar o apartamento”.

A assistente social afirmou que Kelly tinha plano de dopar o menino e, em seguida, aplicar uma injeção letal. Como a madrasta solicitou um local para “consumir” o corpo, ambas foram no interior de Frederico Westphalen, na Linha São Francisco, e começaram a cavar o buraco com uma enxada. Depois compraram outras ferramentas para concluir a abertura do buraco. Também adquiriram um produto para diluir o corpo – que era a soda. No dia 3, Edelvânia voltou à Linha São Francisco e concluiu o trabalho de abertura do buraco, para, no dia seguinte, colocar o corpo de Bernardo no local. O buraco tinha cerca de 60 centímetros de profundidade.

Mulher já havia recebido R$ 6 mil

À polícia Edelvânia disse que “não teve sangue, apenas da picadinha”. Já as roupas do menino, a seringa e outros materiais foram colocados no lixo. Em relação ao dinheiro que recebeu para participar do crime, Edelvânia disse que no dia 2 recebeu R$ 6 mil.

O dinheiro foi utilizado para pagar uma parcela do apartamento adquirido por R$ 96 mil. Edelvânia receberia R$ 20 mil para participar do “sumiço” de Bernardo. Posteriormente Kelly teria se disposto a pagar o total que faltava para quitar o apartamento, no valor total de R$ 90 mil.



CORREIO DO POVO 19/04/2014 15:43

Rádio Guaíba

Pai de Bernardo é destituído de cargo diretivo em hospital de Três Passos. Médico era cirurgião-geral e perdeu posto após determinação do Cremers



O Hospital de Caridade de Três Passos, no Noroeste gaúcho, destituiu do cargo de diretor técnico o médico Leandro Boldrini, preso desde a noite de segunda-feira como um dos suspeitos da morte do filho Bernardo, de 11 anos. De acordo com o administrador da casa de saúde, Tarcísio Dreher, Boldrini também teve rescindido o contrato de cirurgião geral no hospital. O dirigente explicou ter atendido a uma determinação do Conselho Regional de Medicina (Cremers). "Ele está impedido de exercer a função", justificou. Boldrini era diretor técnico havia mais de dois anos na instituição.

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"Só o tempo vai dizer que ele vai ter condições psicológicas de voltar a atender", afirmou Dreher. O administrador também negou a possibilidade de recontratar o médico se a defesa obtiver, na Justiça, o habeas corpus.

Em função da morte de Bernardo, o Caridade perdeu, também, a enfermeira-auditora. Irmã da madrasta do menino, Simone Ugulini pediu afastamento do cargo e deixou o município, segundo Dreher. Ela disse ao administrador que "não esperava isso da irmã" e que, por essa razão, não tinha mais condições de ficar no cargo. Graciele Ugulini também foi presa como suspeita do crime, assim como a amiga dela, Edelvânia Wirganovicz. Ao pedir afastamento do hospital, Simone também comentou a possibilidade de pedir a guarda do filho de Graciele e Boldrini, de um ano e três meses.

Morte de Bernardo

O corpo do menino Bernardo foi encontrado na segunda-feira, dez dias depois de a criança desaparecer. A família vivia em Três Passos, a quase 100 quilômetros do local onde o cadáver foi ocultado. Uma das hipóteses para explicar o assassinato é a motivação econômica, já que o menino era herdeiro dos bens da mãe, que cometeu suposto suicídio em 2010. O titular do Departamento de Polícia do Interior, delegado Valter Wagner, disse acreditar que algum tipo de ciúme também possa ter motivado o crime.



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