EDITORIAL CORREIO DO POVO, NO 117 Nº 18
PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 18 DE OUTUBRO DE 2011
O encaminhamento de crianças para adoção continua sendo um trabalho difícil no país, não obstante o número de interessados em adotar ser muito superior ao número disponível para ser adotado. De acordo com dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), existem hoje 26.936 candidatos a adotantes para 4,9 mil possíveis adotados. A desproporção, à primeira vista, poderia indicar mais facilidades para a colocação de meninos e meninas em famílias substitutas. Entretanto, alguns fatores complicam esse processo.
Segundo informações do CNJ, os entraves para a consecução dos procedimentos de adoção são, basicamente, três. O primeiro está no fato de que as famílias querem crianças de até 3 anos de idade. Um outro, bastante incidente, diz respeito à etnia. Em geral, a preferência é por crianças brancas, o que ocorre com 9.842 dos inscritos, um percentual de 36,54%. O problema é que a maioria dos que estão na fila, 2.272, são pardos ou negros. Os de cor branca representam 33,82% do total, com 1.657 infantes disponíveis.
Um outro elemento complicador das adoções está nos casos de irmãos, pois, em geral, as pessoas já estipulam que querem adotar apenas uma criança. Isso faz com que os que mantêm laços familiares entre si tenham mais dificuldades de serem adotados.
Para o desembargador Antônio Carlos Malheiros, coordenador da área de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo, é preciso intensificar as campanhas que estimulem a adoção. Não obstante alguns avanços, como a criação do Cadastro Nacional de Adoção em 2008, ainda resta muito por ser feito para que as crianças que se encontram em abrigos possam desfrutar do afeto que lhes é devido. O direito à cidadania pressupõe um lar onde o convívio saudável ajude num desenvolvimento pessoal harmonioso.
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