MENINOS CONDENADOS. Sindicato sugere boicote ético à Fase - ADRIANA IRION, ZERO HORA 07/02/2012
Suspeitas de irregularidades no atendimento psiquiátrico na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) motivaram ontem nova manifestação de uma entidade médica.
O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) pediu a interdição ética da Fase, ou seja, a proibição de que médicos prestem atendimento na fundação porque os internos estariam submetidos a “condições desumanas”.
O presidente do Simers, Paulo de Argollo Mendes, foi contundente ao cobrar ações imediatas do governo:
– A presidente (da Fase, Joelza Mesquita) diz que 90% dos adolescentes são dependentes de drogas, então eles têm direito a tratamento. Temos 200 leitos ociosos no Hospital Espírita. Hoje, os adolescentes são obrigados a ficar em reclusão solitária e em condições inadequadas de lazer e de esporte.
O secretário da Justiça e dos Direitos Humanos, Fabiano Pereira, disse que a medida é um direito do Simers:
– Nós vamos continuar trabalhando. Temos absoluta confiança nos servidores da Fase, nos profissionais da área de saúde e acreditamos na recuperação dos adolescentes.
A medida anunciada pelo Simers, no entanto, não tem nenhum efeito prático imediato, pois é preciso que o Conselho Regional de Medicina (Cremers) – órgão que recebeu o pedido – decida se vai acatar ou não. Na semana passada, a partir de reportagens publicadas por Zero Hora sobre suspeitas de que medicação está sendo aplicada de forma excessiva a internos, o Cremers abriu procedimento para apurar as circunstâncias do atendimento médico na fundação.
Na tarde de ontem, durante quase duas horas, o presidente do Cremers, Rogério Wolf de Aguiar, esteve reunido com a presidente da Fase, Joelza Mesquita, e com representantes dos psiquiatras que atendem na fundação.
– Nós vamos seguir o nosso protocolo. Estamos coletando depoimentos e informações. Não podemos tomar atitude precipitada, pois o Conselho precisa sustentar suas medidas, justificar atitudes – explicou Aguiar.
O Conselho pretende fazer uma fiscalização oficial na Fase até sexta-feira. A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa também definirá, na quarta-feira, uma medida para acompanhar a situação da fundação.
– Já conversei com alguns deputados sobre a visita que devemos fazer lá e vamos discutir se criaremos uma subcomissão ou a própria comissão fará esse acompanhamento – disse o deputado Miki Breier, presidente da comissão.
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