CORREIO DO POVO Porto Alegre, 19 de Maio de 2015
OSCAR BESSI FILHO
O absurdo. Nada aquém disto. A foto foi pega por acaso, apenas porque policiais militares abordaram um trio suspeito de adolescentes, em Cachoeirinha, e apreenderam – além de simulacros de armas, certamente usadas para assaltos, e uma quantia de drogas – um celular. Sem esta abordagem, ela jamais teria sido descoberta. No telefone, a foto bizarra: adolescentes fazem pose como se estivessem para executar um Policial Militar. Este (que eles dizem ser outro amigo), está fardado, de joelhos, cabeça baixa, as mãos para trás, rendido. Fardamento completo da Brigada Militar, com gandola, boné, capa de colete, calça, cinto. O revólver de um dos adolescentes aponta para a cabeça do PM ajoelhado. O boné traz o o brasão da BM. A farda traz a insígnia de soldado e a bandeira do Rio Grande do Sul. O garoto que não segura a arma ainda veste uma jaqueta de couro da BM, usada no inverno, aberta e com as golas levantadas.
Não se resume, esta foto chocante, a uma fronta institucional. Ou uma afronta a um Estado inteiro e sua perspectiva de sociedade organizada e livre. Quando adolescentes mergulhados no mundo do crime, das drogas e da violência deixam claro que o seu sonho é este, executar de forma fria e covarde um agente público, justamente pago pelos impostos de todos os seus amigos e familiares para lhes proteger, algo está errado. E muito errado. A brutalidade tomou conta de mentes ainda em formação – e isto é uma falha terrível do Poder Público para com seu povo. Falta de respeito, insegurança, ausência educacional. Falta de credibilidade em qualquer outro caminho que não o da barbárie. A foto reflete, sob luzes sombrias, múltiplas faces do caos. Faces cada vez mais banais entre os nossos.
Impressiona a pose que, claramente, imita os terroristas do Estado Islâmico e suas execuções brutais e midiáticas. O ódio encontra amparo, respeito, reconhecimento e faz escola. E isto só acontece porque o terreno está fértil para este tipo de sentimento. Prefiro acreditar que tudo é reversível, sim, o problema é que falta vontade para reverter. Não formas.
É uma lástima que ainda não exista um encaminhamento imediato de recuperação aos jovens que não a prisão (ou apreensão, como queiram os técnicos, que no fundo é a mesma coisa). Apenas liberar porque “não há crime”, porque lá e cá já está lotado ou outra desculpa, é permitir que a doença se agrave e faça novas vítimas. É lavar as mãos. É deixar rolar e afirmar que a sentença do “não dá nada” pode estar presentes em todos os níveis da criminalidade, do colarinho branco e seus bilhões aos roubos e furtos que proliferam no cotidiano e nem se registra mais, por falta de fé.
OSCAR BESSI FILHO
O absurdo. Nada aquém disto. A foto foi pega por acaso, apenas porque policiais militares abordaram um trio suspeito de adolescentes, em Cachoeirinha, e apreenderam – além de simulacros de armas, certamente usadas para assaltos, e uma quantia de drogas – um celular. Sem esta abordagem, ela jamais teria sido descoberta. No telefone, a foto bizarra: adolescentes fazem pose como se estivessem para executar um Policial Militar. Este (que eles dizem ser outro amigo), está fardado, de joelhos, cabeça baixa, as mãos para trás, rendido. Fardamento completo da Brigada Militar, com gandola, boné, capa de colete, calça, cinto. O revólver de um dos adolescentes aponta para a cabeça do PM ajoelhado. O boné traz o o brasão da BM. A farda traz a insígnia de soldado e a bandeira do Rio Grande do Sul. O garoto que não segura a arma ainda veste uma jaqueta de couro da BM, usada no inverno, aberta e com as golas levantadas.
Não se resume, esta foto chocante, a uma fronta institucional. Ou uma afronta a um Estado inteiro e sua perspectiva de sociedade organizada e livre. Quando adolescentes mergulhados no mundo do crime, das drogas e da violência deixam claro que o seu sonho é este, executar de forma fria e covarde um agente público, justamente pago pelos impostos de todos os seus amigos e familiares para lhes proteger, algo está errado. E muito errado. A brutalidade tomou conta de mentes ainda em formação – e isto é uma falha terrível do Poder Público para com seu povo. Falta de respeito, insegurança, ausência educacional. Falta de credibilidade em qualquer outro caminho que não o da barbárie. A foto reflete, sob luzes sombrias, múltiplas faces do caos. Faces cada vez mais banais entre os nossos.
Impressiona a pose que, claramente, imita os terroristas do Estado Islâmico e suas execuções brutais e midiáticas. O ódio encontra amparo, respeito, reconhecimento e faz escola. E isto só acontece porque o terreno está fértil para este tipo de sentimento. Prefiro acreditar que tudo é reversível, sim, o problema é que falta vontade para reverter. Não formas.
É uma lástima que ainda não exista um encaminhamento imediato de recuperação aos jovens que não a prisão (ou apreensão, como queiram os técnicos, que no fundo é a mesma coisa). Apenas liberar porque “não há crime”, porque lá e cá já está lotado ou outra desculpa, é permitir que a doença se agrave e faça novas vítimas. É lavar as mãos. É deixar rolar e afirmar que a sentença do “não dá nada” pode estar presentes em todos os níveis da criminalidade, do colarinho branco e seus bilhões aos roubos e furtos que proliferam no cotidiano e nem se registra mais, por falta de fé.
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