domingo, 19 de agosto de 2012

REVOLTA À NOITE

ZERO HORA 19 de agosto de 2012 | N° 17166

Fase transfere internos após rebelião na Capital. O prédio, que tem capacidade para 62 adolescentes, abrigava 126 internos


Vinte adolescentes foram transferidos para unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) logo após a rebelião ocorrida na noite de sexta-feira no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) POA 1, na Vila Cruzeiro, em Porto Alegre. Pelo menos dois internos e dois funcionários sofreram ferimentos leves na confusão, que teria começado por motivo banal em uma ala do estabelecimento, que estava superlotado.

Com capacidade para 62 adolescentes, o prédio contava com 126 internos no momento da rebelião. Tudo começou por volta das 22h de sexta, quando um grupo se dirigia à quadra de esportes. Dois integrantes teriam iniciado uma briga por causa de uma peça de roupa. O conflito se espalhou. Dois agentes foram agredidos. Os funcionários deixaram o local e os adolescentes tomaram uma ala, colocando fogo em colchões.

– Só conseguimos pegar as chaves e correr. O clima entre os agentes e os adolescentes está ruim há muito tempo – revelou uma funcionária, que pediu para não ser identificada.


Integrantes de facções rivais convivem nos estabelecimentos

A Brigada Militar teve de intervir, e a rebelião foi sufocada. Às 22h30min, aproximadamente, o fogo foi controlado pelos bombeiros. De acordo com a presidente da Fase, Joelza Mesquita Andrade Pires, a situação no Case POA 1 só vai melhorar quando as quatro novas unidades da Fase previstas para serem construídas no Estado estiverem concluídas: duas na Capital, uma em Osório e uma em Santa Cruz do Sul. Os prejuízos resultantes da rebelião foram grandes. A ala foi isolada.

– Dez quartos ficaram danificados. Essas transferências foram feitas para que pudéssemos arrumar tudo. Agora está todo o pessoal da manutenção lá, tentando organizar os espaços – informou Joelza.

Não há convicção de que a briga ocasionada no interior da Fase na noite de sexta possa ter alguma ligação com rivalidades entre grupos criminosos. No entanto, sabe-se que integrantes de bandos inimigos convivem nas unidades, conforme a delegada Eleonora Ronchetti Martins Xavier, do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca). Ela atendeu a ocorrência da rebelião no Case POA 1, confirmou que os envolvidos têm certa periculosidade, mas afirmou que o local não é palco comum para brigas:

– São basicamente dois ou três ali que têm uma série de antecedentes e passagens pelo Deca. Mas, nessa unidade, especificamente, é a primeira vez que ocorre uma rebelião no meu plantão.

Problemas em 2011

- Em novembro do ano passado, um incidente na Comunidade Socioeducativa, na Vila Cruzeiro, em Porto Alegre, resultou em dois internos e em um monitor feridos. A unidade abriga infratores mais velhos e autores de delitos mais graves. O caso foi parecido com o que foi registrado na sexta-feira. Um grupo de 19 adolescentes estava na quadra de esportes quando dois deles passaram a ser agredidos pelos companheiros. Um monitor foi agredido e sofreu lesões na cabeça.

- Poucos dias depois, um interno de 19 anos foi resgatado por homens armados, ao retornar de audiência em uma Kombi da Fase no Fórum Central de Porto Alegre. Ele seria integrante da gangue Bala na Cara.

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