Crianças desprotegidas, abandonadas, negligenciadas, sem amor, sem futuro, nos semáforos, vendidas, ao relento, violentadas e dependentes de drogas. Menores infratores depositados em lugares insalubres e inseguros, sem receber tratamento, oportunidades, educação, qualificação e reinclusão social. CADÊ OS PAIS? CADÊ A JUSTIÇA?
segunda-feira, 16 de julho de 2012
O PIB E AS CRIANÇAS
ZERO HORA 16 de julho de 2012 | N° 17132
PÁGINA 10 | LETÍCIA DUARTE (Interina)
Quando disse que a grandeza de um país não deveria ser medida pelo seu Produto Interno Bruto, e sim pelo que faz com suas crianças e adolescentes, a presidente Dilma Rousseff estava respondendo indiretamente às críticas de desaceleração da economia brasileira.
Mas essa afirmação que vem ecoando desde quinta-feira, quando foi pronunciada em discurso na 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, extrapola e muito o campo da economia. Se seguirmos a recomendação da presidente e analisarmos o que o país está fazendo pela sua infância, que saldo teremos?
Não é preciso esforço para constatar que os índices relativos ao cuidado com os filhos do Brasil ficam muito aquém do que a grandeza da pátria amada ensejaria.
Se, na comparação do PIB, o Brasil ultrapassou o Reino Unido e se tornou oficialmente neste ano a sexta maior economia do mundo, no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano continuamos num modesto 84º lugar entre os 187 países avaliados. A diferença se dá justamente porque o IDH é usado como referência da qualidade de vida e desenvolvimento, sem se prender apenas a índices econômicos.
Quando se analisa o ranking da educação feito pela Unesco, a situação é ainda pior. Apesar dos avanços sociais reconhecidamente consumados no Brasil nos últimos anos, estamos no 88º lugar de 127 países pesquisados. Com isso, o país fica entre os de nível “médio” de desenvolvimento na área, atrás de Argentina, Chile e até mesmo de Equador e Bolívia.
Embora tenha conseguido garantir que 98% dos brasileiros de sete a 14 anos estejam na escola, o país ainda tem 535 mil integrantes dessa faixa etária fora da sala de aula, dos quais 330 mil são negros. Os dados, da Unicef, revelam outras preocupações: de cada 100 estudantes brasileiros que entram no Ensino Fundamental, apenas 59 terminam a 8ª série e apenas 40, o ensino médio. A cada dia, 129 casos de violência contra crianças e adolescentes são relatados, em média, ao Disque Denúncia 100. Isso quer dizer que, a cada hora, pelo menos cinco casos de violência contra meninas e meninos são registrados no país.
Como se pode ver, ainda falta muito para que o Brasil possa se orgulhar de sua grandeza.
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