Crianças desprotegidas, abandonadas, negligenciadas, sem amor, sem futuro, nos semáforos, vendidas, ao relento, violentadas e dependentes de drogas. Menores infratores depositados em lugares insalubres e inseguros, sem receber tratamento, oportunidades, educação, qualificação e reinclusão social. CADÊ OS PAIS? CADÊ A JUSTIÇA?
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
ADOLESCENTES INCENDIÁRIOS E CRUÉIS
Até garoto de 12 anos participou de incêndio de ônibus que matou 2 pessoas. Testemunhas dizem que agressores - 6 deles adolescentes - demonstraram crueldade; 3 dos 14 acusados foram achados em hospitais
Artur Rodrigues - O Estado de S.Paulo, 10/12/2012
Evelson de Freitas/Estadão
Cerca de mil pessoas protestaram, na segunda, 10, na av. Paulista, contra a onda de violência em SP
Até uma criança de 12 anos se envolveu no incêndio do ônibus que terminou, no domingo, 09, com a morte de duas pessoas no Jaçanã, zona norte de São Paulo, segundo a Polícia Civil. A investigação concluiu que 14 pessoas participaram da ação, incluindo seis adolescentes. Testemunhas afirmam que os agressores demonstraram crueldade e não deram chance para que as vítimas saíssem do coletivo, incendiado em protesto contra a execução de um jovem praticada por policiais militares.
Todos os envolvidos foram apontados por um adolescente que também participou da ação. O rapaz resolveu dizer quem eram os responsáveis porque, durante o incêndio, tentaram matá-lo. Em seu depoimento, disse que os jovens apreendidos estão envolvidos com o tráfico de drogas na região do Jardim Brasil. A afirmação bate com a apuração da polícia, que constatou que pelo menos sete dos 14 acusados já passaram pela Fundação Casa.
O menino de 12 anos e os demais adolescentes foram encaminhados à entidade. A mãe do garoto, uma auxiliar de limpeza de 37 anos, afirma que ele chegou depois que o ônibus estava pegando fogo. Segundo ela, o garoto só estava na rua por volta das 3h de domingo porque foi a uma balada acompanhado da irmã, de 16 anos. “Ele foi até lá porque tinham matado um rapaz. Não botou fogo em nada”, diz. “Na delegacia, pedi para deixarem ele ir comigo. Mas não deixaram. Ele ficou chorando, agarrado às minhas pernas”, afirma.
Três dos detidos foram encontrados por policiais em hospitais, quando passavam por tratamento de queimadura, e confessaram o crime. No entanto, negaram ter tido intenção de matar as vítimas.
A investigação aponta que o crime foi premeditado. Uma hora depois da morte de Maycon Rodrigues de Moraes, de 19 anos, e de um outro rapaz ser baleado por PMs da Força Tática, quatro rapazes de bicicleta chegaram a um posto de gasolina na Avenida João Simão de Castro. Os jovens compraram seis garrafas de combustível. Na ocasião, segundo o depoimento de uma testemunha ouvida pela polícia, teriam dito que queimariam um ônibus para vingar a morte do amigo.
O delegado titular do 73.º Distrito Policial (Jaçanã), Mário Guilherme da Silveira Carvalho, disse que a investigação ainda não acabou. “Estamos apurando quem é o mandante do crime e se há mais envolvidos.” Os detidos serão responsabilizados por homicídio, incêndio, corrupção de menores e formação de quadrilha. Um outro adolescente, envolvido no incêndio do segundo ônibus, também foi detido.
PMs. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) constatou que seis PMs da Força Tática assassinaram Maycon Moraes e tentaram matar um colega dele - crime que motivou os protestos. Testemunhas viram os dois rapazes descendo de um Passat com as mãos para o alto, sem reagir, e depois sendo baleados. Os PMs estão presos pelo crime e devem ser expulsos, caso essa versão seja comprovada.
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