segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A INCLUSÃO PRODUTIVA DOS JOVENS

ZERO HORA 01/10/2012, ARTIGOS

Lucas Baldisserotto *


O Brasil vive hoje um momento diferente no percurso de sua história recente. Fomos acostumados a crises econômicas intermináveis que se refletiam diretamente no poder de consumo da população. Saímos de um percentual de pobreza de 32,4%, há 10 anos, para os atuais 22,6%, melhora significativa na qualidade de vida do brasileiro. Infelizmente, este avanço não se reflete na camada de nossa população na faixa etária dos 14 aos 24 anos, época em que os sonhos e ambições começam a aflorar e surgem os primeiros desafios na vida. Um dos mais importantes é o de entrada no mundo do trabalho, fundamental na inclusão social desta juventude. Os índices de desemprego, que estão na casa dos 5,8%, não se repetem nessa faixa etária, na qual um em cada cinco está sem emprego.

Os jovens em alta vulnerabilidade social são os que enfrentam as maiores dificuldades na busca por oportunidades profissionais. Entretanto, não podemos apenas ficar comentando esta situação. São necessárias medidas que oportunizem a inclusão para milhares de brasileiros que ainda têm de vencer a cada dia o desafio da conquista de sua dignidade.

Como podemos interferir nesta dura realidade para ajudar a nortear de forma inclusiva e eficiente quem desde muito cedo está sem perspectiva futura?

Trata-se de um protagonismo que precisa ser nosso, seja como sociedade civil organizada, trabalhando em redes de cooperação colaborativa ou como cidadãos responsáveis pela transformação social e pelo desenvolvimento. A inclusão produtiva tem se mostrado como uma das melhores oportunidades de crescimento, superação e descoberta de competências por parte dos adolescentes e jovens. Dinamismo, criatividade e atuação em grupo são características dessa etapa da vida e que podem ser aprimoradas favorecendo a inserção.

Mais do que integrar jovens ao mundo do trabalho, entidades comprometidas com a causa, como o CIEE-RS, têm a missão de formar cidadãos não só porque faz parte da sua política de responsabilidade social, mas porque acreditamos que esse é o único caminho para chegar ao verdadeiro desenvolvimento sustentável. Estamos dispostos a quebrar paradigmas para isso. Recentemente, por meio de um projeto social de aprendizagem desenvolvido em parceria, o Aprendiz Legal, conseguimos levar oportunidades de recomeço para adolescentes e jovens que cumprem medida socioeducativa em regime fechado na Fase, numa iniciativa pioneira no Brasil. Eles agora poderão sair com uma nova perspectiva de vida e mais preparados para enfrentar os antigos e os novos desafios. A inclusão produtiva é também uma forma de prevenção. Exemplos como estes precisam ser multiplicados em nome de um Brasil mais igual e solidário.

*Gerente de Operações do CIEE-RS

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